Dia dos Pais: data anima o comércio por conta do ‘pós-quarentena’

FONTE: JORNAL EM TEMPO

Com a retomada do comércio no Amazonas e os baixos números da Covid-19, crescem as expectativas para boas vendas no Dia dos Pais. A data é considerada de importância média por agitar o mercado, mas não tanto quanto o Dia das Mães, por exemplo. Mesmo assim, lojistas têm depositado esperança de lucrar neste ano, embora se dividam na hora de apostar em recordes de vendas em relação ao ano passado, por causa da pandemia.

Um exemplo é Williand Arcanjo, dono da Ótica Arcanjo, em Manaus. Para o empresário, a data será mais uma oportunidade de retomar as vendas gradualmente, ainda que sem a mesma força de antes.

“Normalmente as vendas aumentam em torno de 20% a 30%. Falando de produtos, o que mais costumamos vender no Dia dos Pais são os óculos solares. Quando estamos com o cliente geralmente oferecemos promoções e sai também a renovação de grau”, explica Arcanjo.

O empresário se mostra otimista com as vendas deste ano, mesmo com a pandemia. Ele projeta até conseguir recordes em relação às saídas de produtos que ele conseguiu em 2019.

“Estamos apostando bastante nesse dia. Estaremos inclusive inaugurando a loja no bairro Manoa. Teremos muitas promoções e, por causa disso, temos a expectativa de aumento nas vendas em até 40%. Considero também que após a quarentena, as pessoas estão saindo mais de casa, o que acaba por ajudar o comércio”, argumenta o empresário.

Fim da quarentena como impulsionador
Arcanjo não está só quando acredita que o fim da quarentena em Manaus irá potencializar as vendas. A ideia é repetida por Vânia Costa, gerente da loja Moda Show, localizada no Centro de Manaus. A empresária deposita as esperanças na data.

“Ultimamente nesses anos o aumento de vendas no Dia dos Pais não está sendo muito esperado como antes. Mas eu creio que, por ter acontecido tudo isso, essa pandemia toda, [a venda vai ser boa]. Quando reabriu o Centro, foi com muita força, muito gás, muito movimento. Então, as pessoas guardaram dinheiro e eu tenho muita fé que esse ano o Dia dos Pais vai ser bem melhor que o ano passado. Tenho certeza que vai porque as vendas [já] melhoraram muito. Eu estou apostando muito nesse Dia dos Pais”, afirma ela.

A gerente informa estar observando até mesmo um acontecimento curioso. Segundo ela, algumas pessoas já estão comprando presente do Dia dos Pais, mesmo ainda faltando pouco menos de duas semanas para a data.

“Já estamos efetuando vendas para o Dia dos Pais, as pessoas estão antecipando seus presentes. Por isso, acredito que quanto mais perto chegar, mais irão aparecer pessoas a procura de realizar compras”, diz ela.

Por último, Vânia garante que também inovou esse ano. Ela diz que procurou facilitar para os consumidores e colocou produtos que atendem a todos os bolsos, o que, segundo ela, também irá ajudar nas vendas.

“Costumamos vender mais camisa social, mas alguns clientes também buscam calças e bermudas. E um detalhe é que esse ano procuramos variar preços, então agora temos produtos de R$ 10 a R$ 90. Temos para aquele filho e aquela esposa que quer dar um presente e às vezes não têm condições, então nossos preços estão muito bons”, afirma a gerente.

Alívio para comerciantes

O mês de julho marcou o quarto e último ciclo de um calendário para a retomada do comércio em Manaus. O momento foi de alívio para os empresários, explica Aderson Frota, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas (Fecomércio-AM).

“Em função da declaração da calamidade pública, o comércio teve suas portas fechadas, com exceção dos mercados e farmácias. Os outros tiveram grandes prejuízos”, afirma ele.

E nesse clima de retorno das vendas, Frota lembra como as datas comerciais são importantes para melhorar o lucro.

“Uma das coisas que observamos com muito cuidado são as datas comemorativas, então elas, pelo grau de importância, a mais importante é o Natal, a segunda o Dia das Mães, essa que infelizmente foi fraca porque o comércio estava com as portas fechadas em março. Mas pela escala de valores, a terceira data é o Dia das Crianças, que vem aí em breve, e em seguida o Dia dos Pais”, explica o presidente da Fecomércio.

Ele garante que data será mais um sopro de alívio para os empresários, mas ressalta que ainda é difícil “aferir” como as vendas se sairão. Ele lembra que mesmo com boas vendas, os comerciantes ainda estão muito abalados pelo trauma econômico da pandemia.

“O comércio ficou fechado por mais de 100 dias. Muitas empresas tiveram momentos difíceis, porque, mesmo fechadas, precisaram honrar com seus compromissos que tinham de ser pagos e eram inadiáveis, como, por exemplo, pagar aluguel, luz, contador e material de limpeza. Até mesmo encargos com os fornecedores, funcionários e, também, quitar seus impostos governamentais, mesmo sem estarem vendendo”, lembra Frota.

Base para outras datas
Ralph Assayag, presidente da Câmara dos Lojistas de Manaus (CDL) diz que o Dia dos Pais servirá como base para as próximas datas e também a esperança de recuperação econômica no segundo semestre.

“De julho para cá, o mercado vem ajustando. Alguns seguimentos conseguiram ter um bom desempenho, mas boa parte deles não. Muita gente na rua, muita gente andando, mas as compras não aconteceram. Então estamos vendo o que vai acontecer no mês de julho. Normalmente ele é um mês ruim, mas estamos tentando ao máximo”, afirma ele.

Segundo o presidente da CDL Manaus, após a reabertura do comércio, as boas vendas dependerão do retorno de outras atividades.

“No segundo semestre, se Deus quiser, que volte à normalidade do judiciário e as aulas. Isso poderá ser o primeiro passo de um processo que realmente pode ajudar no Dia dos Pais. Se essa data crescer qualquer coisa em cima do ano passado, já será muito bom. Se empatar, será ótimo. Digo isso porque a gente vai sentir uma recuperação. E se a partir daí, Dia das Crianças e outras datas mostrarem crescimento, melhor ainda, porque saberemos que poderemos recuperar no segundo semestre”, argumenta Assayag.